segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Educação e consumo


Consumir é um dos verbos do momento. Vivemos a Era do Consumo.

E o que é consumir? Atualmente, consumir significa não só adquirir o que é necessário mas também o que é supérfluo, os chamados objetos de desejo.

Existe uma grande engrenagem que propõe manter funcionando esta sociedade de consumo que caracteriza a sociedade capitalista.

Após a Revolução Industrial a sociedade e a economia alteraram-se em consequência da grande urbanização e da produção em escala que precisava circular, a economia passa a ser regulada pela produção e o consumo.

Somos a todo momento bombardeados com anúncios sedutores que tentam nos persuadir. A publicidade e a propaganda de produtos e serviços (e por que não dizer de sonhos também?), nos invadem pensamentos e sentidos refletindo desejos. Na verdade estes anúncios nos fazem crer que precisamos sempre de algo mais e “corremos” atrás de consumir para suprir necessidades de aparecer ou de pertencer a um grupo determinado. Afinal estes bens passam a assumir um significado social. O consumo coloca o indivíduo em evidência e o associa a determinados padrões de vida.

Consumir mantém a economia viva. A publicidade gera consumo, que gera lucro, gerando mais desejo e possibilidades de consumo. E é através dos meios de comunicação de massa que o consumo toma proporções de fenômeno.

E quais os desafios dos educadores diante de tal fenômeno e que relação ele tem com o dia a dia na escola?

Não é difícil perceber o quanto as crianças são expostas aos apelos midiáticos através da internet e da televisão. Também percebemos que a maior preocupação dos adultos em relação a interação da criança com estes meios, normalmente gira em torno da violência, incluindo aí o abuso sexual, que são “fiscalizados” nos programas assistidos ou nos sites visitados pelas crianças. Com as propagandas, via de regra, não demonstram esta preocupação, principalmente com a internet.

O contato com mundo virtual possibilita inúmeras interações, o ir e vir nestes espaços coloca o indivíduo (neste caso, a criança) em contato com conteúdos que muitas vezes precisam ser reatualizados e ressignificados. Segundo Lévi, a virtualização muda nossa relação com o mundo, o sujeito que vive essa virtualização tem suas possibilidades de interação com mundo ampliadas, e sabendo que as reatualizações e ressignificações acontecem a partir do repertório individual, portanto torna-se relevante uma mediação a fim de torar este repertório maior e mais capaz de analisar as informações que chegam através da publicidade.

As crianças não conseguem discernir as mensagens cada vez mais atraentes, com imagens e sons que chamam tanta atenção quanto os programas de televisão e os jogos que encontramos em site entitulados “educativos”. Estas mensagens encantam e confundem. E é através destas imagens e sons que alimentamos a nossa visão de mundo, já que a imagem é imediata e sedutora. Acabamos por atender aos apelos de consumo quase que entorpecidos.

A intenção aqui não é distanciar ou opor mídia e educação, muito pelo contrário, a escola precisa estar muito próxima das tecnologias da informação e comunicação a fim de que os processos educacionais dentro da escola sejam mais completos, ricos e estimulantes . Segundo Moram “A escola precisa observar o que está acontecendo nos meios de comunicação e mostrá-lo na sala de aula, discutindo-o com os alunos, ajudando-os a que percebam os aspectos positivos e negativos das abordagens sobre cada assunto.”(Moran, 2007) O papel da escola não limita-se ao que chamamos de transmissão de conhecimento formal: leitura, escrita e desenvolvimento do raciocínio lógico, atualmente é essencial estabelecer uma ligação com as tecnologias da comunicação e informação para conseguir efetivamente interagir com as crianças e jovens, para não se tornar um “desmancha-prazeres”. Por outro lado, não podemos nos enganar achando que instrumentalizar o educador é a solução. Mais que instrumento, as TICs estruturam essa nova educação.

A grande tarefa é contribuir para a formação de cidadãos com a capacidade de analisar seus próprios comportamentos, para tanto o educador tem como desafio relacionar informações, construindo e reconstruindo conhecimentos com uma geração que não se “desconecta”, que precisa ser consciente e crítica.


REFERÊNCIAS:

BAUDRILLARD, Jean. A Sociedade de Consumo. Rio de Janeiro: Elfos, 1995

PRETTO, Nelson de Luca. Uma escola sem/com futuro: educação e mídia. Campinas/SP: Papirus, 1996

LÉVI, Pierre. O que é o virtual?

MORAN, José Manuel. Desafios na Comunicação Pessoal. São Paulo: Paulinas, 2007, p. 162-166.

VILLELA, Ana Lúcia. A criança, a mídia e as novas tecnologias. Disponível em: http//www.alana.org.br/criancaconsumo/consumismoinfantil.aspx. Acesso em 25 de janeiro de 2011.

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