quarta-feira, 13 de abril de 2011

Comentários sobre o livro Corpos Mutantes

Corpo, fragmentos e ligações: A micro-história de alguns órgãos e de certas promessas

Comentando o texto de Ieda Tucherman

A autora discute a vulnerabilidade do corpo diante das influências contemporâneas. Afirma que o corpo é transitório e manipulável, não é mais um corpo irredutível, é possível potencializá-lo. A tecnologia está à serviço das metamorfoses do corpo.
Tucherman destaca o cinema como propulsor deste processo que resulta em uma “nova relação de visibilidade” que modifica o modo do homem perceber-se e compreender o real a partir dessas percepções

Os percursos do corpo na cultura contemporânea

Os percursos do corpo na cultura contemporânea

Comentando o texto de Malu Fontes


Neste artigo, a autora traz uma reflexão sobre o corpo canônico, apresentado na mídia como modelo de perfeição, beleza e saúde, “versus” o corpo dissonante, que não atende às referências estabelecidas como desejáveis para uma dada sociedade.
Segundo Fontes, para compreender como se constituiu esta visão de corpo que vemos hoje na mídia, é necessário compreender o “percurso do estatuto do corpo no ocidente”, para analisar como ele passa de “objeto clandestino” a “fundador da subjetividade e da identidade social.
Na dimensão cultural, ao longo do século XX, o corpo passa por três status: o de representado (descrito pelo olhar do outro), representante (porta-voz do discurso de uma geração) e o corpo apresentador de si mesmo (porta voz de forma, não de conteúdo).
Vamos nos deter a discutir sobre o corpo apresentador. O corpo transformado e potencializado através de altos investimentos que visam (re)configurar o biológico. Este corpo, que a autora chama de canônico, é disseminado e divulgado na mídia como modelo perfeito, despertando desejo de adesão.
Tendo em vista que o corpo apresenta o sujeito, é preciso adequar-se culturalmente, atendendo as exigências supostamente ideais e se fazer magro, jovem, belo..., para não ser considerado dissonante.
Pode parecer monstruoso fazer do corpo um espetáculo, no entanto, numa cultura em que ele apresenta o sujeito, este se vê pressionado a atender aos apelos.
De acordo com Kehl, se a comunidade, referência capaz de confirmar a existência do sujeito, não o reconhece, ele se desorganiza fisicamente e subjetivamente.
Talvez seja esta a justificativa pela busca crescente e desenfreada pela construção de um corpo canônico.

Velhice, palavra quase proibida, terceira idade, expressão quase hegemônica

Velhice, palavra quase proibida, terceira idade, expressão quase hegemônica

Comentando o texto de Annamaria da Rocha Jatobá Palácios

Em uma sociedade em que é “proibido” envelhecer, o texto de Palácios nos faz refletir sobre a mudança discursiva publicitária nos anúncios de cosméticos. Analisando a substituição da palavra velhice pelo termo terceira idade, a autora observa nos anúncios selecionados, que há uma certa “tensão” entre estas duas terminologias.
A primeira traz a ideia de uma época considerada sombria, em que o indivíduo se aproxima do fim da vida, enquanto que a segunda (ainda que aponte também para a etapa final da vida), é postulada, segundo a autora, como “um ponto culminante de uma linha abstrata, convencionalmente instituída como condutora da vida”.
A publicidade enfatiza e cria consumo, por isso, precisa estar atenta às transformações sociodemográficas que são resultado da redução da taxa de fecundidade o que ocasionou modificações na estrutura etária da população. O mundo está envelhecendo.
Nas sociedades contemporâneas, o consumo determina estilos de vida: você é o que consome, suas escolhas o identificam.
Os discursos publicitários tendem a criar estratégias para seduzir esta gama de consumidores que buscam “combater a velhice”, portanto, adéquam seu discurso.
Segundo a autora, “ Falar em terceira idade ou velhice, ainda representa uma ambivalência semântica, embora haja uma relação de assimetria entre os sinais de desaparecimento de um termo e de sua substituição por outro.”
Desta forma podemos concluir que os discursos publicitários ao mesmo tempo em que constituem uma estrutura social são também moldados por ela.

Corpos amputados e protetizados: “naturalizando” novas formas de habitar o corpo na contemporaneidade

Corpos amputados e protetizados: “naturalizando” novas formas de habitar o corpo na contemporaneidade

Comentando o texto de Luciana L. Paiva

Na cultura ocidental o corpo apresenta o indivíduo. E a partir dele somos classificados e julgados.
E o que dizer dos corpos dissonantes, aqueles que não conseguem atender aos desejos da mídia? Os que não se enquadram no padrão de beleza e “perfeição”?
O estudo realizado por Paiva em uma clínica especializada em reabilitação e protetização reflete sobre como os indivíduos submetidos à amputação elaboram essa transformação.
Uma amputação, de acordo com os entrevistados no estudo, significa”a perda de uma referência, de uma identificação com relação ao outro...”, o corpo passa a ser um estranho para o próprio indivíduo.
A prótese muda a relação com este corpo mutilado, assumindo uma função de “acessório pessoal”, um prolongamento do próprio corpo.
A tecnologia possibilita aos indivíduos amputados uma nova maneira de viver, de se apresentar, transformando e ressignificando a própria imagem corporal.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Educação e consumo


Consumir é um dos verbos do momento. Vivemos a Era do Consumo.

E o que é consumir? Atualmente, consumir significa não só adquirir o que é necessário mas também o que é supérfluo, os chamados objetos de desejo.

Existe uma grande engrenagem que propõe manter funcionando esta sociedade de consumo que caracteriza a sociedade capitalista.

Após a Revolução Industrial a sociedade e a economia alteraram-se em consequência da grande urbanização e da produção em escala que precisava circular, a economia passa a ser regulada pela produção e o consumo.

Somos a todo momento bombardeados com anúncios sedutores que tentam nos persuadir. A publicidade e a propaganda de produtos e serviços (e por que não dizer de sonhos também?), nos invadem pensamentos e sentidos refletindo desejos. Na verdade estes anúncios nos fazem crer que precisamos sempre de algo mais e “corremos” atrás de consumir para suprir necessidades de aparecer ou de pertencer a um grupo determinado. Afinal estes bens passam a assumir um significado social. O consumo coloca o indivíduo em evidência e o associa a determinados padrões de vida.

Consumir mantém a economia viva. A publicidade gera consumo, que gera lucro, gerando mais desejo e possibilidades de consumo. E é através dos meios de comunicação de massa que o consumo toma proporções de fenômeno.

E quais os desafios dos educadores diante de tal fenômeno e que relação ele tem com o dia a dia na escola?

Não é difícil perceber o quanto as crianças são expostas aos apelos midiáticos através da internet e da televisão. Também percebemos que a maior preocupação dos adultos em relação a interação da criança com estes meios, normalmente gira em torno da violência, incluindo aí o abuso sexual, que são “fiscalizados” nos programas assistidos ou nos sites visitados pelas crianças. Com as propagandas, via de regra, não demonstram esta preocupação, principalmente com a internet.

O contato com mundo virtual possibilita inúmeras interações, o ir e vir nestes espaços coloca o indivíduo (neste caso, a criança) em contato com conteúdos que muitas vezes precisam ser reatualizados e ressignificados. Segundo Lévi, a virtualização muda nossa relação com o mundo, o sujeito que vive essa virtualização tem suas possibilidades de interação com mundo ampliadas, e sabendo que as reatualizações e ressignificações acontecem a partir do repertório individual, portanto torna-se relevante uma mediação a fim de torar este repertório maior e mais capaz de analisar as informações que chegam através da publicidade.

As crianças não conseguem discernir as mensagens cada vez mais atraentes, com imagens e sons que chamam tanta atenção quanto os programas de televisão e os jogos que encontramos em site entitulados “educativos”. Estas mensagens encantam e confundem. E é através destas imagens e sons que alimentamos a nossa visão de mundo, já que a imagem é imediata e sedutora. Acabamos por atender aos apelos de consumo quase que entorpecidos.

A intenção aqui não é distanciar ou opor mídia e educação, muito pelo contrário, a escola precisa estar muito próxima das tecnologias da informação e comunicação a fim de que os processos educacionais dentro da escola sejam mais completos, ricos e estimulantes . Segundo Moram “A escola precisa observar o que está acontecendo nos meios de comunicação e mostrá-lo na sala de aula, discutindo-o com os alunos, ajudando-os a que percebam os aspectos positivos e negativos das abordagens sobre cada assunto.”(Moran, 2007) O papel da escola não limita-se ao que chamamos de transmissão de conhecimento formal: leitura, escrita e desenvolvimento do raciocínio lógico, atualmente é essencial estabelecer uma ligação com as tecnologias da comunicação e informação para conseguir efetivamente interagir com as crianças e jovens, para não se tornar um “desmancha-prazeres”. Por outro lado, não podemos nos enganar achando que instrumentalizar o educador é a solução. Mais que instrumento, as TICs estruturam essa nova educação.

A grande tarefa é contribuir para a formação de cidadãos com a capacidade de analisar seus próprios comportamentos, para tanto o educador tem como desafio relacionar informações, construindo e reconstruindo conhecimentos com uma geração que não se “desconecta”, que precisa ser consciente e crítica.


REFERÊNCIAS:

BAUDRILLARD, Jean. A Sociedade de Consumo. Rio de Janeiro: Elfos, 1995

PRETTO, Nelson de Luca. Uma escola sem/com futuro: educação e mídia. Campinas/SP: Papirus, 1996

LÉVI, Pierre. O que é o virtual?

MORAN, José Manuel. Desafios na Comunicação Pessoal. São Paulo: Paulinas, 2007, p. 162-166.

VILLELA, Ana Lúcia. A criança, a mídia e as novas tecnologias. Disponível em: http//www.alana.org.br/criancaconsumo/consumismoinfantil.aspx. Acesso em 25 de janeiro de 2011.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Dando uma passadinha por aqui

Nossa!! Há quanto tempo não entro aqui...
Tantas coisas tem acontecido, tanto corre, corre e eu acabei deixando este espaço um pouco de lado.
O curso está caminhando... ou diria correndo? E eu tentando alcançá-lo?
Acabei o segundo ciclo e agora começo o terceiro.
Sobre o ciclo que acabou: foi muito bom. Conheci e aprendi muito com os professores que encontrei. Um destaque para Malu Fontes, de quem eu já era fã e que agora acompanho um pouco mais o que ela anda fazendo nesta e por esta terrinha boa.
Sobre o ciclo que começa: as discussões políticas sempre me encantaram apesar de achar que política é um mal necessário, a abordagem da professora Regina me fez perceber que realmente a política é algo diretamente ligado a nossas vidas. Somos seres políticos.

terça-feira, 31 de agosto de 2010